Pesquisa incentiva cultivo consorciado de frutas amazônicas para aumentar a diversidade e a comercialização. As frutas nativas da Amazônia são fontes de nutrientes essenciais para a saúde, mas muitas delas são pouco conhecidas e comercializadas. Uma pesquisa realizada pela Embrapa Amazônia Ocidental, em parceria com produtores rurais, buscou incentivar o cultivo consorciado dessas frutas com espécies mais conhecidas, como o cupuaçu e o açaí.
O consórcio consiste no cultivo de duas ou mais espécies vegetais no mesmo local. As frutas são fontes de vitaminas, fibras, carboidratos, proteínas, sais minerais e outros nutrientes essenciais para a saúde. E para aumentar o incentivo ao plantio de frutíferas nativas da Amazônia pouco conhecidas, pesquisa possibilitou a prática do consórcio com uma espécie de fruta nativa mais comercial como, por exemplo, o cupuaçu e o açaí.
Amparado via Programa de Apoio à Pesquisa – Universal Amazonas, o estudo intitulado “Cultivo de Fruteiras Nativas da Amazônia em Sistemas consorciados” contribuiu para a conservação de espécies de frutíferas nativas da Amazônia, em áreas de produtores, considerando o interesse em resgatar frutíferas nativas, que não são tradicionalmente comercializadas.
A agrônoma e doutora em Fitotecnia (Produção Vegetal), Aparecida das Graças Claret de Souza, da Embrapa Amazônia Ocidental, confirmou que as composições nutricionais das frutas são diferentes, sendo assim o plantio diversificado de espécies frutíferas torna-se necessário, principalmente por causa dos agricultores, que se alimentam da sua própria produção agrícola e, com isso, teriam a inserção de novas fontes nutricionais na sua dieta.
“O consórcio das fruteiras e culturas alimentares consiste no cultivo num mesmo local, de fruteiras nativas perenes compondo as linhas e, nas entrelinhas, o plantio de culturas alimentares de ciclo curto, como feijão, milho, abóbora, macaxeira, melancia, maxixe e outros, sempre obedecendo o espaçamento e manejo recomendado conforme a cultura”, disse a coordenadora da pesquisa.
Ela explicou que a fruta escolhida para o consórcio foi o cupuaçu e as espécies selecionadas para a continuidade desse processo, foram: o abiu (Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk); o araçá-boi (Eugenia stipitata McVaugh); a castanha-de-cutia (Acioa edulis Prance); o pajurá (Couepia bracteosa Benth); a castanha-de-galinha (Acioa longipendula (Pilg.) Sothers & Prance); o mapati (Pourouma cecropiifolia Mart); o biribá (Rollinia mucosa (Jacq.) Baill.); o puruí de massa (Borojoa sorbilis (Duck) Cuatr); e a marirana (Couepia subcordata Benth).
A pesquisa também revelou que os produtores têm interesse em conhecer e consumir mais frutas nativas da Amazônia. Os principais motivos citados foram a possibilidade de ingestão de novos sabores e a diversificação no consumo de frutas.
A médio e longo prazo, as espécies frutíferas nativas da Amazônia, ainda desconhecidas do mercado consumidor, podem constituir uma importância comercial em diversos segmentos da cadeia produtiva da fruticultura.
Recomendações
Os resultados da pesquisa sugerem que o cultivo consorciado de frutas nativas da Amazônia é uma estratégia promissora para aumentar a diversidade e a comercialização dessas frutas. Para o sucesso dessa estratégia, é importante:
Oferecer capacitação aos produtores rurais em boas práticas agrícolas para o cultivo consorciado;
Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de novas cultivares de frutas nativas;
Promover a divulgação das frutas nativas da Amazônia para o consumidor final.
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