Amazônia – Um estudo da consultoria Nottus, divulgado com exclusividade pela EXAME, revela um preocupante aumento nas queimadas no Brasil. Entre janeiro e junho de 2024, o país registrou 35.938 focos de incêndio, representando um aumento de 54% em comparação com o mesmo período de 2023. Em junho, foram 12.432 queimadas registradas, número que supera a média histórica para o mês desde 2003.
Distribuição dos Focos de Incêndio
Os dados da pesquisa mostram que:
39% dos focos (cerca de 17 mil) estão no Cerrado;
37% na Amazônia;
9% no Pantanal, com 4 mil focos desde o início do ano.
Até 17 de julho, o Brasil já havia atingido 43,1 mil focos de incêndio, comparados a 28,5 mil no mesmo período de 2023. Este aumento é alarmante, especialmente considerando que a temporada com maior incidência de queimadas, de agosto a outubro, ainda não começou.
Causas do Aumento
Guilherme Martins, meteorologista responsável pela pesquisa da Nottus, explica que a falta de chuvas e a elevação das temperaturas são fatores chave para o aumento das queimadas. “A situação hídrica do Brasil está sensível há um ano e meio, com taxas abaixo da média mesmo durante as estações chuvosas. No período seco, com o aumento das temperaturas, árvores e folhas se tornam materiais combustíveis”, explica.
Impacto na Economia
As queimadas têm efeitos profundos em várias áreas da economia, incluindo energia, agronegócio, saúde e infraestrutura.
Energia: Segundo Alexandre Nascimento, sócio-diretor da Nottus, as queimadas afetam a distribuição de energia, agravando problemas durante períodos de alta demanda. “A segunda maior causa de desligamentos de energia são as queimadas, responsáveis por 12% dos casos. Se há interrupção na linha de transmissão, gera-se um grande prejuízo a longo prazo”, afirma.
Agricultura: Queimar o solo para adubação ainda é uma prática comum, mas prejudicial. “A longo prazo, a qualidade dos plantios piora, pois a queima empobrece os nutrientes do solo, afetando safras futuras”, explica Nascimento.
Saúde: As fuligens das queimadas são transportadas para outras regiões do país, como o Sudeste, agravando problemas respiratórios, especialmente em crianças e idosos, e aumentando a pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS).
Infraestrutura: As queimadas podem causar o fechamento de aeroportos, interrupção de voos, e danos a galpões e linhas de transmissão. “O fogo não respeita barreiras: atinge estruturas e até mata animais”, acrescenta Martins.
Ação Humana e Conscientização
A pesquisa destaca o papel significativo da ação humana nas queimadas. Com as mudanças climáticas se tornando mais comuns, a conscientização e o aprendizado são essenciais para evitar a alta desenfreada dos focos de incêndio.
“Precisamos antecipar o problema, ser resilientes e aprender a viver em harmonia com a natureza. Operações para impedir ações criminosas são fundamentais, sendo uma questão de consciência ambiental”, conclui Nascimento.