Desmatamento: dois municípios de Mato Grosso estão entre os 10 que mais desmataram os biomas da Amazônia e do Cerrado no Brasil. O levantamento, realizado entre julho de 2023 e agosto de 2024, foi divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) nesta quinta-feira (13).
A pesquisa revelou que 90,8% do desmatamento registrado na Amazônia ocorreu sem autorização, enquanto no Cerrado a taxa foi de 51,1%. No total, 67,5% da remoção da vegetação nativa nos dois biomas foi considerada ilegal.
Além de Mato Grosso, os estados do Pará, Amazonas e Rondônia também figuram entre os principais responsáveis pelo desmatamento na região.

Municípios com maior desmatamento não autorizado na Amazônia e no Cerrado
- Amazonas: Novo Aripuanã, Lábrea e Apuí
- Pará: Altamira, Itaituba, Portel e Santa Maria das Barreiras
- Mato Grosso: Nova Maringá e Colniza
- Rondônia: Porto Velho
Segundo Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, os dados reforçam a necessidade de intensificação das ações de fiscalização e responsabilização para conter o avanço do desmatamento.
Desmatamento legal e autorizações
O estudo também analisou o desmatamento legal nos biomas. Segundo a Climate Policy Initiative (CPI), a Autorização de Supressão de Vegetação (ASV) é o procedimento administrativo que permite a remoção da vegetação em determinadas áreas.
Os municípios com mais autorizações de desmatamento estão na região conhecida como Matopiba, que engloba grande parte do Cerrado. Os estados com maior número de autorizações foram:
- Maranhão: Balsas, Caxias, São Félix de Balsas e Loreto
- Tocantins: Ponte Alta do Tocantins, Rio Sono, Paranã e Pium
- Bahia: São Desidério
- Piauí: Sebastião Leal
Monitoramento e queda no desmatamento
Os dados foram obtidos por meio do cruzamento de informações do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (PRODES), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e do Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor), além de bases estaduais.
Em 2024, a Amazônia Legal registrou no primeiro bimestre o menor índice de desmatamento dos últimos seis anos. Fevereiro marcou o 11º mês consecutivo de redução no desmatamento, consolidando uma tendência de queda desde 2018.
No Mato Grosso, um estudo do ICV apontou que 2% do desmatamento no mesmo período ocorreu dentro de Unidades de Conservação estaduais, como as Cabeceiras do Rio Cuiabá. Nessas áreas de proteção, foram registrados 500 hectares de desmate ilegal e 790 hectares de derrubadas autorizadas.
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